quinta-feira, 26 de novembro de 2009
CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS E DEFESA DOS POVOS INDIGENAS convoca Secretario de Saude para dar esclarecimentos sobre a morte das crianças indigenas
O Conselho Municipal dos Direitos do Índio, entidade que reúne lideranças de 22 organizações indígenas, inclusive das quatro aldeias urbanas da Capital, pediu ao secretário municipal de saúde, Luiz Henrique Mandetta, esclarecimentos sobre a morte das duas gêmeas indígenas de um ano, ocorrida no dia 8 de setembro deste ano.
Ofício protocolado junto à Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) no dia 6 deste mês convida o secretário para participar do encontro do conselho nesta tarde, na tentativa de esclarecer as circunstâncias que envolveram a morte de Anna Karla Vitor Antônio e Anna Clara Vitor Antônio.
Presidente da entidade, Sander Barbosa Pereira explica que o convite foi feito como forma de reivindicar notícias sobre a situação. “Queremos pelo menos uma resposta para a sociedade indígena”, defende.
Ele destaca que cerca de 20 dias após o término do segundo exame no corpo das crianças, nem a família recebeu notícias a respeito da causa da morte. “Ninguém teve conhecimento do laudo”, aponta.
Sander conta que a mãe das crianças, Odanira Vitor, de 17 anos, suspeitava que a morte tivesse sido provocada pro gripe suína, mas o resultado do primeiro laudo descartou essa possibilidade.
Contudo, não foi suficiente para indicar a causa da morte e por isso foi solicitado novo exame. Mas, o fato de ninguém informar o resultado tem incomodado a comunidade indígena como um todo. “É um caso que intriga”, diz o presidente do Conselho.
O secretário de saúde não compareceu à reunião, apesar dos representantes terem protocolado ofício e recebido a confirmação de que ele iria. Um representante da Sesau esteve no conselho e disse apenas que o laudo não foi oficialmente solicidado pela secretaria.
Segundo a assessoria de imprensa da Sesau, Mandeta não foi pessoalmente ao encontro porque hoje está no distrito de Rochedinho, para inaugurar a reforma de postos de saúde.
Preteridos - Além da preocupação com a família das gêmeas, o representante indígena alega que o caso é considerado emblemático, e traz à tona uma situação no atendimento público que atinge diretamente os indígenas. "Já temos um histórico de atendimento com problemas”, diz.
Ele revela que o conselho já recebeu várias reclamações de pessoas que foram ‘deixadas de lado’ nos postos de saúde por serem indígenas. “Ocorre principalmente porque dentro da sociedade o indígena é humilde”, ressalta.
Na tentativa de resolver, Sander aponta a possibilidade de um atendente indígena nos hospitais públicos, com quem os pacientes se identifiquem.
Mas, para ele enquanto nenhuma providência for tomada, a assistência aos índios na rede pública deverá continuar sendo motivo de grande preocupação.
Caso - As duas crianças indígenas morreram no início de setembro, a caminho do hospital. Elas já haviam sido atendidas no posto de saúde do bairro Guanandi, mas foram medicadas apenas com Dipirona e mandadas de volta para casa.
A morte das crianças provocou polêmica por vários motivos. Entre a comunidade médica, o que chamou atenção foi o fato de as duas morrerem da mesma maneira e na mesma hora.
Para a família, que diz ter seguido todas as orientações dos médicos, a causa da morte ainda é um mistério.
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