17/05/2015 20:25
BATURITÉ / SP
Sítio arqueológico no Maciço de Baturité tem materiais que evidenciam modo de vida de uma aldeia indígena. Vasilhas, potes e ossada foram achados. Estudos mostram que índios habitaram a região entre 1280 e 1390
Lérida Freireleridafreire@opovo.com.br
IGOR PEDROZA/DIVULGAÇÃO
Vasilhas, machados, potes e ossada estão entre os achados de pesquisadores na região do Maciço de Baturité |
Materiais encontrados em escavações feitas na Serra do Evaristo, em Baturité, mostram detalhes da vida de uma possível aldeia indígena que viveu no local há mais de 700 anos.
Vasilhas, potes, machados e ossada foram coletados. Análises feitas nesses achados evidenciaram práticas agrícolas e indicaram tipos de alimentos que os índios consumiam.
Vestígios de batata-doce, milho e algodão foram encontrados nas amostras coletadas.
De acordo com Verônica Viana, arqueóloga do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), pode-se concluir que os índios cultivavam algodão e utilizavam outros instrumentos na produção de cerâmica, também encontrada nos achados.
A pesquisa feita nas amostras coletadas é chamada de análise palinológica.
Ela é feita a partir da detecção de pólen (grãos presentes nas plantas) que são resistentes ao tempo. A presença desse pólen revelou os tipos de alimentos consumidos pelos índios e a vegetação predominante naquela época. O historiador Igor Pedroza e os arqueólogos do Iphan verificaram que a datação dos achados é de 1280 a 1390 do atual calendário.
Uma das vasilhas encontradas continha ossada humana e restos de pequenas caças, possivelmente tatus. Segundo Igor, estudos revelaram que a ossada é de um homem de aproximadamente 60 anos. Materiais achados junto ao esqueleto humano, em uma das vasilhas, mostram que havia um ritual funeral para o sepultamento, afirma Verônica.
“Provavelmente, eles faziam um banquete para o morto como ritual da própria cultura, pois restos de ossada animal foram encontrados junto à ossada humana”, cita.
Para o historiador Igor Pedroza, o mais importante dessas pesquisas é manter preservado o contexto histórico que os objetos revelam.
As escavações foram financiadas pelo Iphan.
O Museu Comunitário da Serra do Evaristo, que abriga os achados arqueológicos e é local de pesquisas para historiadores, foi construído com verbas também repassadas pelo instituto. Atualmente, o museu é gerenciado por pessoas da própria comunidade.
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