quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Hospedados em hotel, índios de Porto Murtinho reclamam que não são recebidos pela Funai

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12/01/2012 19:06
Ari Theodoro


Depois de viajar mais de 500 kms, um grupo de 12 indígenas da etnia Kadwéu está hospedado em um hotel de Campo Grande desde a última segunda- feira (9), quando, segundo eles, teriam uma ‘audiência’ com o representante da Funai, na capital, Edson Fagundes. 

Todos reclamam do descaso e da falta de apoio da Fundação Nacional do Indio em prol àquelas comunidades na região de Porto Murtinho e Bonito, interior de Mato Grosso do Sul. “Isso é um descaso muito grande, estamos aqui há vários dias e ainda não fomos recebidos. 

Lá, da Funai, disseram que ele tava viajando, mas ele (Edson) chegou a ver a gente e fechou a porta”, contou um dos líderes indígenas, Lourenço Anastácio. A reclamação é que, segundo o grupo, havia um encontro marcado com o representante da Funai justamente para apresentarem um documento com várias reclamações e denúncias de irregularidades. 

 “A Funai existe para atender nosso povo. Trouxemos várias reivindicações, mas nem sequer fomos recebidos”, continuou Lourenço. De acordo com as informações dos indígenas, são vários problemas que atingem a população na região de Porto Murtinho e Bonito.

 Eles criticam ainda as condições do Núcleo de Apoio ao Indio de Bonito, que estaria praticamente abandonado, até a água e a energia elétrica estariam cortadas. “Há quatro anos no comando deste órgão, Lourival Matshu não está resolvendo nossos problemas, não está agindo a nosso favor. Por isso, pedimos o afastamento dele imediatamente”, desabafou Rodinei Moraes Barros, outro líder do grupo.  


Mais reclamações

“Precisamos desse Núcleo porque fica perto das nossas comunidades, as cidades são bem distantes do nosso povo. Pra chegar aqui em Campo Grande, por exemplo, é batalha, longe e difícil. 

 Na lista que seria entregue ao representante da Funai, outros pontos apontados pelos índios, como: um veículo oficial da própria Funai, que estaria sendo usado por uma pessoa que não é funcionário do órgão para transportar grupos musicais; reclamam também que algumas autoridades contrataram segurança para atuar nas aldeias, mas seriam pessoas ‘despreparadas para a função’. 

O projeto, segundo eles, funcionou apenas dois meses e causou mais conflito do que segurança entre os familiares. Entre os casos de violência, o grupo cita uma ocorrência em que dois jovens indígenas, Elson Pinto e Ivanildo Mendes, teriam sido acusados de roubo de gado. “Os policiais do DOF agrediram muito meu filho, até hoje ele tem muitas sequelas graves, mas não comprovaram nada sobre a tal acusação. Entramos com processo, mas até hoje nada foi feito, ninguém tomou providência”, relatou Cipriano Mendes, cacique da Aldeia São João.

  O retorno

Os indígenas devem retornar às aldeias nessa sexta-feira (13). “Agora vamos esperar ele (representante da Funai) ir até lá para comprovar a situação”, finalizou Anastácio. “Existem recursos e condições sim pra atender nossa gente. Nossas crianças e nossos idosos precisam ser amparados, mas cadê os representantes dos índios”, questiona Cândido Abicho, cacique da Aldeia Barro Preto. 

  Funai 

 Na tarde desta quinta-feira (12), logo após ouvir as lideranças em um Hotel próxima à antiga Rodoviária da capital, o Midiamax tentou falar com algum representante da Funai em Campo Grande, mas não conseguiu contato com nenhum funcionário da entidade. 

 Mas de acordo com uma ‘fonte’ próxima ao Midiamax, o coordenador da Funai, Edson Fagundes, teria saído de recesso ontem (11). Lembrando que os índios afirmaram que o viram hoje na própria Fundação, mas não atendeu o grupo.


Segundo as informações que obtivemos, no momento, a coordenadora regional em exercício da Funai seria Ana Beatriz Lisboa, que também não foi localizada pela nossa reportagem.

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