terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Aprendendo sobre a importância da diversidade


27/02/2018                    12:17



ARTIGO

Por; Sander Barbosa Pereira


Ao analisarmos etimologicamente a palavra diversidade, podemos constatar que, de acordo com o Minidicionário Aurélio (2004), diversidade significa qualidade ou condição do que é diverso, diferença, dessemelhança, divergência, contradição, multiplicidade de coisas diversas, existência de seres e entidades não idênticos, ou dessemelhantes, oposição. 

Reconhecer essa complexidade que envolve a problemática social, cultural e étnica é o primeiro passo, fortalecer e valorizar a diversidade cultural é atuar sobre um dos mecanismos de discriminação e exclusão. 

A afirmação da diversidade é traço fundamental na construção de uma identidade nacional que se põe e repõe permanentemente, tendo a Ética como elemento definidor das relações sociais e interpessoais.  

É importante observarmos que a diversidade humana está posta desde os primórdios da humanidade, mas apenas a partir do final do século XX é que a sociedade se dá conta desta especificidade, declarando que os seres humanos não são iguais. 

As culturas são produzidas pelos grupos sociais ao longo das suas histórias, na construção de suas formas de subsistência, na organização da vida social e política, nas suas relações com o meio e com outros grupos, na produção de conhecimentos etc. 

A diferença entre culturas é fruto da singularidade desses processos em cada grupo social, “Temos o direito de ser iguais sempre que as diferenças nos inferiorizem, temos o direito de ser diferentes sempre que a igualdade nos descaracterize” Boaventura Santos.

De fato a diversidade é o reconhecimento da pluralidade de culturas presentes nas sociedades, ainda que os debates sobre o tema sejam aprofundados e ás vezes acalorados, temos uma grande certeza de que carregaremos uma grande missão pela frente.

No nosso cotidiano a diversidade e a diferença tem papel relevante na vida social brasileira entre suas diferentes características regionais e manifestações de cosmologias que ordenam de maneiras diferenciadas a apreensão do mundo, a organização social nos grupos e regiões, os modos de relação com a natureza, à vivência do sagrado e sua relação com o profano.

* Nota de rodapé

  Consultamos o minidicionário Aurélio, 2004 para exemplificar os vários significados da palavra diversidade.  Boaventura Santos enfoca o real sentido das diferentes culturas

O campo e a cidade propiciam às suas populações vivências e respostas culturais diversas, que implicam ritmos de vida, ensinamentos de valores e formas de solidariedade distintas.

 Em outras palavras, a diversidade é condição permanente de desenvolvimento da humanidade e por isso, as dessemelhanças entre sociedades e grupos não desaparecerão (cf. MAGNANI, 1996). 

Os processos migratórios colocam em contato grupos sociais com diferenças de fala, de costumes, de valores, de projetos de vida.

Segundo Laraia (2008) o ponto de partida é, por um lado, a constatação da unidade genética (biológica) dos seres humanos e, por outro lado, a imensa diversidade cultural produzida por estes mesmos seres humanos, os quais possuem algumas características comuns aos demais seres vivos.

Seres diversificados, seres de incompletude, seres em aberto, seres em relação, ação e interação com seu meio.

Por fim a questão da diferença é geralmente propagada na constituição e hierarquização desses diversos significados.


   * Nota de rodapé

   Citamos (cf, MAGNANI, 1996) para reforçar a questão da diversidade, e Laraia (2008 ) para exemplificar também  a diversidade cultural     




Sander Barbosa Pereira – Licenciado e Bacharel em Letras – UNIDERP
Pós - graduado em Antropologia e História dos Povos Indígenas - UFMS







Referências

Minidicionário Aurélio  2004
Aguilera Urquiza, Antônio Hilário, Pereira, Levi Marques, Prado, José Henrique 
Parâmetros Curriculares Nacionais – Pluralidade Cultural
CAPÍTULO I - Antropologia, Diversidade e Alteridade.
DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO: 
PROFESSORA PDE: Ivone Aparecida dos Santos, EDUCAÇÃO PARA A DIVERSIDADE: Uma prática a ser construída na Educação Básica

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Por ser os primeiros habitantes tem o direito de cultuar suas tradições, seja na aldeia ou na cidade

26/02/2018          16:08




Por; Sanders Barbosa








Letras

DIAMOND SUN

When they came to this land
We gave our friendship, gave them our hands
But it was never to be
Oh, you must bow down, they said,
"Fall to your knees."
Oh, Diamond Sun has to burn
Oh, are we never to learn.
Love gives life and life is love
But what have we done?
We have walked on this earth
Since the first star was shining and the moon had its birth
But as with the shadows
Of lonely trees
We are in bondage
But our hearts are still free
Oh Diamond Sun has to burn
Oh, are we never to learn?
Love gives life and life is love...
Still Diamond Sun has to burn
Oh, are we never to learn
Still Diamond Sun has to burn
In my heart I believe
Someday the sun will shine
And you shall be free
And bless our children as they're put to the test
You'll hear the heartbeat
Of a nation's unrest
Oh Diamond Sun has to burn
Oh are we never to learn.
Love gives life and life is love...
Love gives life and life is love...



Compositores: Alan Graham Frew / Jim Vallance
Letra de Diamond Sun © Universal Music Publishing Group

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Indígenas prestigiam lançamento de Núcleos de base do PDT


23/02/2018                12:10




Por; Sanders Barbosa


Pré candidato ao governo do estado de Mato Grosso do Sul  Odilon de Oliveira ladeado pelas crianças da Etnia terena







Indígenas da comunidade Indígena Água Bonita, prestigiaram o lançamento dos núcleos de base do partido democrático trabalhista - PDT.

Vereador Odilon conversando com lideranças Indígenas do PDT




O evento teve a presença de diversas lideranças de diferentes segmentos da sociedade e contou com a presença do pré candidato ao governo do estado de Mato Grosso do Sul Juiz Odilon de Oliveira.








Além de Odilon estavam presentes o deputado federal Dagoberto Nogueira e o vereador de Campo grande e presidente do PDT Odilon Jr entre outros políticos que prestigiaram este grandioso evento.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Carta Contra o Preconceito Étnico

20/02/2018             11:30



Por; Sander Barbosa Pereira




Aos dezenove dias do mês de Fevereiro do ano de 2018, cumprimentando os senhores e senhoras do nosso país o Brasil, após 518 anos da chegada do colonizador no ano de 1500, venho – lhes relatar que pouco ou quase nada daquilo que ocorreu na época do império colonial mudou, ou seja, a visão do europeu ainda permanece quase que atual se não fosse trágica.

Nesses tempos atuais em que estamos vivendo e vivenciando as transformações deste imenso continente, estamos acompanhando as lutas dos povos indígenas contra todas as formas de preconceitos contra seu modo de ser e viver. 

A sociedade envolvente continua mascarando as diversidades cultuais indígenas e suas formas de organizações sociais que mantem suas identidades étnicas como uma importante riqueza e extremamente fundamental para a formação deste belo país.

Quero alertar os senhores e senhoras que precisamos ajudar esses povos que tanto contribuem para manter viva a nossa própria história e que mesmo assim são rejeitados, discriminados e espoliados de suas terras, forçando os as práticas integracionistas da sociedade nacional, desrespeitando seus direitos adquiridos ao longo de séculos de lutas e resistências.

Informo – lhes que o preconceito contra esses povos a cada dia esta aumentando de forma vertiginosa e perigosa, pois estão sendo acusados de serem empecilhos para o desenvolvimento deste país, digo lhes mais, suas retomadas de territórios tradicionais de ocupação estão sendo rotuladas de invasões e essas investidas estão sendo duramente reprimidas e as noticias que tenho de fontes seguras são de que esta havendo grandes quantidades de perdas de vidas por parte dos povos indígenas principalmente aqui em nosso estado de Mato Grosso do Sul.

A carta magna assegura aos nossos indígenas o direito a terra e a manutenção de suas raízes culturais e o que verifico é a total falta de respeito com os preceitos constitucionais que regem a vida de nossa nação.

Na visão de uma pequena parte da sociedade envolvente os povos indígenas ainda sofrem na pele e na alma toda a carga de estereótipos e isso esta atravessando gerações e parece que, serão necessários mais empenhos dos senhores e senhoras no sentido de fazer a correção desta divida histórica que tange a imagem destorcida dos registros oficiais que devem e podem ser combatidas com informações corretas que mostre o verdadeiro índio com seus valores e conceitos e suas contribuições especialmente na defesa deste grandioso país, peço que encaminhe esses pedidos as nossas autoridades competentes.

Senhores e Senhoras os dados da nossa atualidade sobre os povos indígenas nos permite fazer cálculos de perdas de vidas, relato – lhes que neste novo mundo como os europeus diziam, viviam aproximadamente entre cinco e seis milhões de indígenas vivendo nesta terra maravilhosa e que o mais triste é saber que esta população não passa hoje de novecentos mil pessoas, ou seja, 230 povos e algumas tribos ainda vivendo de forma autóctone nas florestas e fronteiras da Amazônia brasileira.

São tristes estes relatos sobre esses povos que resistem e quer manter suas culturas, seus territórios estão sendo reduzidos e com a boa noticia de que essa população esta aumentando, mas as politicas sociais caminham a passos lentos no que diz ao bem estar e respeito para com esses povos.
O preconceito étnico é enorme, pois ao chegarem aos pequenos e grandes centros a realidade é dura e real, pois são colocados em periferias destas cidades e recebem nomes pejorativos de favelados, desaldeados ou sem tetos e sem terras, descaracterizando lhes de toda essa gama histórica de séculos.

O processo de invisibilidade a que são submetidos é histórico, em casos mais graves são impedidos de falar suas línguas maternas em espaços públicos, pasmem Senhores e Senhoras até em escolas isso acontece.

Encerro esta carta conclamando os Senhores e Senhoras e aos que estão por vir a este mundo maravilhoso, que junte esforços para mudar os pensamentos desta sociedade envolvente e demonstre isso com fatos e ações concreta especialmente na educação que é a roda da historia que move esse pais.





Sander Barbosa Pereira – Licenciado e Bacharel em Letras – UNIDERP

Pós - graduado em Antropologia e História dos Povos Indígenas - UFMS



segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Ex-pajé' estreia no Festival de Berlim com leitura de manifesto indígena

19/02/2018                  13:17


'Documentário de Luiz Bolognesi aborda o desaparecimento da etnia Paiter Suruí, de Roraima. Manifesto assinado por 28 lideranças e 15 organizações indígenas protesta contra violência e racismo


Por;  paulodonizetti publicado  em 17/02/2018     17h51





REPRODUÇÃO

Último suspiro: 'Filme testemunha os últimos minutos de existência de uma cultura milenar cheia de sabedoria'


O Festival de Cinema de Berlim, um dos mais importantes da Europa e do mundo, exibe neste sábado (17) o documentário Ex-pajé, que apresenta um dos dramas dos povos indígenas contemporâneos. Escrito e dirigido por Luiz Bolognesi (diretor da animação Uma História de Amor e Fúria e roteirisa de Bicho de Sete Cabeças), o filme é contado a partir da história de Perpera, um índio Paiter Suruí que viveu até os 20 anos num grupo isolado na floresta onde se tornou pajé, mas que passou a viver intensos conflitos internos depois de ter tido contato com os brancos, especialmente com pastores evangélicos que “proclamaram” na comunidade que os atos e saberes indígenas são “coisas do diabo”. Apesar de hoje se dizer evangélico e se definir como ex-pajé, Perpera continua tendo visões dos espíritos da floresta.

A sessão do longa-metragem, prevista para às 20h (horário de Berlim), deve contar com a leitura do Manifesto de Povos e Lideranças Indígenas do Brasil, que critica o etnocídio e invoca um país com mais tolerância e respeito. 

O documento assinado por 28 lideranças e 15 organizações indígenas declara: "Hoje atravessamos muitas crises, ecológica, econômica, política, a nossa frágil democracia foi atacada e os territórios indígenas estão sendo invadidos e saqueados. Junto com o ferro e o fogo, vem a conversão racista. 

Trocam as rezas pela bíblia e as medicinas por aspirinas. Epidemias de depressão provocam os maiores índices de suicídio do mundo manchando de sangue as lindas florestas do Brasil".

Para contar essa história de extermínio da cultura indígena, o longa-metragem utiliza a linguagem do Cinema Direto, um gênero do documentário que procura captar a realidade com o mínimo de intervenção possível. Ainda sem trailer nem cartaz para o mercado brasileiro, a obra ainda não tem previsão de estreia nos cinemas. 

É possível apenas assistir a um extrato (com legenda em inglês) no site da Berlinale, no qual o ex-pajé Perpera afirma que, depois que os brancos evangélicos chegaram em sua comunidade e anunciaram que as crenças e rezas tradicionais eram coisas do demônio, todos os indígenas passaram a ignorá-lo até que ele aceitasse frequentar a igreja.

"Num momento em que as casas de reza indígenas estão sendo queimadas e os pajés demonizados pela violência evangélica, ter o filme Ex-Pajé estreando em Berlim significa levar as vozes dos espíritos da floresta mundo afora através do cinema", afirmou o diretor e roteirista Luiz Bolognesi. 

Para a produtora do longa Laís Bodanzky, este é o registro do último suspiro de uma cultura milenar: "O mais comovente neste cinema verdade que o Luiz Bolognesi se propôs a filmar com toda a delicadeza que o tema exige é a transformação de nós espectadores em testemunhas dos últimos minutos de existência de uma cultura milenar cheia de sabedoria que não foi registrada na história deste planeta e nem passada para as novas gerações. O último suspiro".

Ex-pajé será exibido na Mostra Panorama, paralela à competição oficial, que traz outros três documentários brasileiros: Aeroporto Central, do diretor cearense Karim Aïnouz, e Bixa Travesty, da dupla Claudia Priscilla e Kiko Goifman.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Conhecendo a cosmologia Guarani e Kaiowá




15/02/2018                 10:22




Artigo

Por; Sander Barbosa Pereira


A grande população kaiowá do subgrupo do Guarani do estado de Mato Grosso do Sul ocupa áreas situadas na faixa de fronteiras do nosso país com o Paraguai entre as suas características alimentares tem como base a caça como principal fonte de proteínas, além da prática da agricultura e a pesca.

Segundo  Brand  (1997:  01),  a  população guarani (Kaiowá e Ñandeva) em MS,  “está distribuída em 22 áreas indígenas e é estimada em  25  mil  pessoas”.

Em sua organização social os kaiowá tem uma forte característica de fortalecimento do parentesco com a tradição do fogo doméstico – Che ipyky Kuera que demonstra uma referencia aos parentes mais próximos que caracteriza uma fraternidade entre seus pares.

Além de reunir o patriarca da família, seus filhos e filhas e esposa juntamente com os filhos adotivos (guachos) isso reforça a prática da reciprocidade entre ambos. O fogo doméstico é essencial nestas relações sociais, ou seja, é ponto focal de qualquer relação social.

A parentela Tey ´yi tem como núcleo central um grupo de parentes cognativos.  Segundo Watson (1952: 33) afirma que “a família extensa intimamente relacionada com outros aspectos da cultura kaiowá notadamente como sistema de parentesco, a organização econômica e a arquitetura indígena e a típica unidade de residência, o Tapyi (t do a)”.

Esse grupo de parentela tem a exata noção do sentido do território, neste contexto a parentela tem um esteio o Hi´u, ou seja, a raiz da casa que reúne e aglutina esses grupos de residências sendo eles, atuação econômica, atuação politica.

Watson (1952), Schaden (1974) e Brand (1993, 1997), utilizam o termo “família extensa” para o que denomino parentela.

óg puhu, ogajekutu ou ogapysy é uma referencia a uma grande casa onde as parentelas residiam.
Outro ponto de destaque é referente ao território denominado de Tekoha ou seja Teko – sistema de valores éticos e morais, natureza, já a terminologia Ha indica local.

Tradicionalmente o Tekoha é o centro da organização social dos kaiowá onde residem as maiores parentelas e também os menores grupos, dentro dos Tekoha há a predominância da solidariedade entre os parentes.

 Existindo também certo grau de instabilidade o que de fato é algo que aflora no cotidiano e que ao final acaba fortalecendo suas próprias existências sociais.
Segundo Brand “É entre os fogos que compõe a parentela que continua se dando a estrita reciprocidade Oreva (Brand, 1993:84)”.

Assim oreva esta voltado para o interior da parentela e pavêm como ponto de estabelecimento das relações entre parentelas.

Os princípios ore e  pavêm foram resumidos por Brand na seguinte forma.

Segundo o texto, um corresponde ao tekoha, base social, política e religiosa dos Pãi atuais, que se manifesta nas festas religiosas, nas decisões políticas formais e em caso de conflitos externos ou ameaças vindas do sobrenatural; e outro, corresponde à família extensa (e seus núcleos locais), que se manifesta especialmente nas atividades econômicas, na colaboração nos trabalhos das roças comuns e construção de casas” (Brand, 1993:113-114).[1]

Neste mesmo contexto o autor deste artigo faz a reformulação dos princípios ore e pavêm onde se inspiram na descrição dos dois tipos de cooperação, realizada por Grünberg (1975). O princípio ore está voltado para o interior da parentela e o pavêm voltado para o estabelecimento das relações entre as parentelas que formam um tekoha.

Nota de rodapé


[1] (Brand, 1993:113-114).[1] Esta comparação mostra a real diferença entre as características do Orê e Pavêm

Assim os tekoha tem uma grande dependência do sentido pavêm que consiste na existência dos lideres religiosos e políticos que busca abranger com bastante habilidade outras relações com outros fogos saindo de seu interior único e exclusivo.

Outro ponto muito importante é a questão do modelo de estrutura social, pois a formulação deste modelo causa pensamentos diferentes tais como modelo de estrutura social proposto pelo pesquisador e a realidade social, sua composição procura se guiar pelas categorias que os membros da sociedade empregam para ordenar e significar as relações sociais que estabelecem.

Entretanto Lech define a estrutura  social,  um  termo reconhecidamente  extemporâneo,  é  aqui  entendida  como  uma  construção  lógica  e não como um dado empírico (Leach [1954] 1996: 68-69).
Portanto a estrutura social carrega os valores de ordem parental e religiosos de forma organizada e estruturada, como bem diz este artigo que diz que os sistemas Ore e Pavêm subjazem tanto a ordem morfológica e cosmológica.

Este é o modo de ser e viver do povo Kaiowá seja no seu modo de parentela ou politico e religioso, mantendo suas tradições e costumes apesar da grande adversidade a que estão submetidos atualmente.

Este povo apenas quer voltar aos Tekohá de ocupações tradicionais e cultuar firmemente esta riqueza cultural do nosso estado de Mato Grosso do Sul e do  grande e imenso Brasil.




Sander Barbosa Pereira – Licenciado e Bacharel em Letras – UNIDERP
Pós - graduado em Antropologia e História dos Povos Indígenas - UFMS




Referências

Aguilera Urquiza, Antônio Hilário, Pereira, Levi Marques, Prado, José Henrique, CAPÍTULO IV – Antropologia e Parentesco
Artigo, O território e a organização social kaiowá: inter-relações entre séries sociológicas e séries cosmológicas, Levi Marques Pereira


terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

A relação existente entre os diversos povos Indígenas antes e durante o período colonial

06/02/2018                 10:40


ARTIGO


POR; SANDER BARBOSA PEREIRA




O contexto das diversas populações indígenas antes do período colonial remonta sobre a questão da presença do homem no continente americano e que desperta grandes debates de diversos pesquisadores, cada qual defendendo seus estudos e pesquisas.

Destes podemos citar um destes estudos, de que o ponto de partida para a chegada à América seria pela entrada do estreito de Bering no Alaska e culminando também com a chegada à América do Sul, como bem diz Júlio Cezar Mellati há uma possibilidade de este estudo ter um certo consenso de que o homem não surgiu na América. 

Nos estudos realizados pelos arqueólogos Gilson Rodolfo Martins e Emília Kashimoto, apontam uma área total de oito milhões de quilômetros km²; isto é, essa área é maior que a “União Europeia (quatro milhões e trezentos mil km²)”.

Os primeiros habitantes das Américas provavelmente não teriam uma anatomia próxima à aparência mongólica, a exemplo dos índios em geral e dos esquimós. Para os autores, datações arqueológicas obtidas no Chile, México, Argentina, Brasil, e mesmo no EUA remetem a vestígios primordiais da presença do homem para momentos que segundo estudos da genética das Populações, a anatomia mongólica ainda não existia no espectro da evolução do homem moderno, isto é, anterior a quinze mil anos, o que os pré-historiadores chineses não concordam. Ou seja, a partir daí, após sofisticados estudos de morfologia craniana sobre alguns raríssimos crânios humanos remanescentes do último milênio do período glacial e do Holoceno arcaico, surgiram hipótese de que o perfil anatômico dos primeiros americanos estaria mais próximo do perfil dos aborígenes da Oceania ou, como também, de povos semi-negróides do sudoeste asiático.
 (MARTINS; KASHIMOTO, 2012, p, 19 e 20).

* Nota de rodapé 
  (MARTINS; KASHIMOTO, 2012, p, 19 e 20).  Ambos os pesquisadores apontam para a semelhanças de que os primeiros habitantes tem a aparência mais próxima dos aborígenes da Oceania do que da mongólica.


Dentro das relações de identidades dos diversos povos indígenas a cerâmica destaca-se por ser possível compreender os costumes de armazenagem de produtos, comida e bebida conforme estudos da pesquisadora Anna Rosevelt.

A reflexão que podemos fazer sobre os diversos povos indígenas é de que cada povo tem suas próprias características tanto física como culturais, religiosas, ora são caçadores, coletores, além de serem agricultores, portando suas escritas ou através de gravuras ou traços rupestres em cavernas assim como, entre outros lugares.

No século XV havia outros povos da América que viviam em “tribos confederadas” e em guerra entre si, como era o caso dos povos tupi e havia grupos nômades que não domesticavam animais. (FUNARI, 2011, p, 44).

Estas visões são passiveis de criticas quando se referem à divisão de tarefas dentre esses diversos povos indígenas, onde o homem tem papel central, mas pesquisas mostram que a mulher também exerce diversas atividades e continuam liderando ações politicas e sociais dentro de suas tribos.

Com um patrimônio grandioso os povos indígenas sendo eles do Brasil ou das Américas constituem uma presença cultural fortíssima.

A trajetória histórica do Brasil e do continente americano tem sido contada a partir de uma visão europeia, cujas explicações são diversas e etnocêntricas. Embora sua relevância e contribuição sejam importantes não se deve deixar cegar em relação às outras partes essenciais da nossa formação cultural, histórica e antropológica, como é o de reconhecer a presença indígena no país.
 (FUNARI, 2011, p, 16). 

Cada povo indígena tem sua concepção sobre a criação do mundo e das origens dos povos, Os povos indígenas, portanto, achavam um jeito de designar essas criaturas que não eram animais, mas que não eram como eles, era apenas parecido com eles. 

Então, ao se referirem aos brasileiros não indígenas, usam termos diferenciados; por exemplo, os Tenetehara (povo do Maranhão e Pará) quando queriam se referir aos não indígenas costumavam chamá-los de “Karaiw” ou de “Caraíba”, palavra que aparece entre outros povos de língua tupi desde o século XVI.


* Nota de rodapé
(FUNARI, 2011, p, 16).  Exemplifica a questão do Brasil a partir da visão europeia e a valorização da cultura brasileira assim como os povos indígenas.


Dentro do período da colonização ou do encontro do novo mundo o europeu não se deslumbrou apenas com os povos que aqui já se encontravam, mas também carregavam um grande interesse nas riquezas que porventura poderiam vir dessas explorações.

O contato com os ditos “civilizados” foram de grandes dores e sofrimentos, pois além de usurpar com as riquezas da terra brasilis os colonizadores escravizavam os indígenas.
Desqualificados como seres humanos, vistos como animais sem alma, bárbaros, demônios e seres indômitos; estava justificada não só a necessidade de sua cristianização, como de sua sujeição à civilização redentora do conquistador.

Neste rastro de genocídios contra os povos indígenas muitos tribos criaram confederações para fazer frente aos estrangeiros como forma de se manterem livres do processo de escravidão e opressão a que estavam submetidos.

Os relatos de resistência e servidão indígenas não param por aqui: no México, Francisco Hernández de Córdoba chegou pela primeira vez, em 1517, com uma expedição, cuja finalidade era a captura dos índios; o próprio Hernández de Córdoba regressou a Cuba muito ferido, morrendo logo depois. Nesta região, havia muita resistência por parte dos indígenas, contra os espanhóis. De acordo com Josefina Coll, outro conquistador, o Cortez, chegou a levar cerca de “508 homens, 16 cavalos, 10 canhões e 4 calubrinas muita pólvora e pelotas”, e no conflito, morreram milhares de indígenas. (COOL, 1986, p.22). 

Como bem disse o padre Anchieta a respeito dos Tamoios em seu relato à coroa portuguesa de que esses índios eram a reencarnação do mal, pois não atendia aos interesses portugueses e nem da igreja, os Tamoios assim como os indígenas mexicanos, formaram também uma confederação com povos diversos, com o objetivo único e claro de combater o colonizador.

Tamanho foi o estrago do enfrentamento, que foi decisivo para que os portugueses começassem a pensar em braços escravos africanos para resolver o seu problema de mão-de-obra na Colônia (VIEIRA, 1949).

* Nota de rodapé
 (COOL, 1986, p.22). Através destes relatos mostra em outros cenários a questão da grande violência  contra os povos indígenas em outras partes do mundo.


Destas lutas e resistências podemos citar os Guaicurus que em suas lutas contra os espanhóis na localização do rio da prata, garantiram geograficamente o que é hoje o nosso estado de Mato Grosso do Sul.



Considerações finais


Antes de mais nada, porque o que chamamos genericamente de população indígena refere-se em realidade de mais de 300 povos distintos ao contrário da população antes da chegada do colonizador pois era superior a de nossa atualidade. 
Cada povo com sua organização social, sua língua e seus costumes, suas crenças e suas tradições. 

Além disso, a condição bastante diversa desses povos, alguns vivendo em reservas demarcadas, outros sequer “aldeados”, outros tantos habitando as cercanias de áreas densamente povoadas, outros com baixo nível de contato com a população não indígena. 

Encontram – se hoje afetados diretamente em suas necessidades, prioridades e demandas com séculos de colonização, expropriação e extermínio desses povos, substituíram no imaginário popular o índio real por uma figura mitológica e caricata ou ora próxima ao bom selvagem rousseauniano, ora remetendo ao ser “incivilizado e perigoso”.



Sander Barbosa Pereira – Licenciado e Bacharel em Letras – UNIDERP
Pós - graduado em Antropologia e História dos Povos Indígenas - UFMS




Referências


MUSSI, Vanderléia Paes Leite. História dos Povos indígenas, ed. Ufms: 2014: Campo Grande – MS.

Parabéns Mato Grosso do Sul, estado em pleno desenvolvimento

  11 de Outubro - 2022  23:23 Por; Cultura Nativa - MS