08/06/2011 14h39
Funai diz que acompanha a situação e, em Douradina, outro grupo está em área rural que já havia sido ocupada em 2005
Vanda Escalante
Em Dourados, guarani-kaiowá ocupam área vizinha à reserva indígena. (Fotos: Cesar Firmino/Douradosagora)
A ocupação de uma área de aproximadamente 26,8 hectares, nas proximidades do Anel Viário de Dourados, por índios guarani-kaiowá que vivem na reserva indígena do município deve ir parar na Justiça. Darci Lago Decian, filho do dono oficial do terreno (Achilles Decian) e responsável pela área, disse que pretende, até o início da semana que vem, entrar com pedido de reintegração de posse.
A reserva de Dourados tem que tem 3,6 mil hectares e abriga duas aldeias, a Jaguapiru e a Bororó. O terreno ocupado é uma área contígua à aldeia Bororó. Afirmando que não quer conflito e que sempre procurou “o caminho da Justiça”, Darci Decian afirmou que teme pelo acirramento dos ânimos e pelo aumento da tensão no local.
“Eu esperava que as autoridades tomassem uma providência. O produtor não agüenta mais ser tratado como bandido e, do jeito que está indo, a situação caminha para um lado perigoso aqui na região”, avalia.
De acordo com Decian, no entanto, o terreno ocupado estava sendo negociado para se tornar um loteamento. “Como é próximo da cidade e ficou valorizado com a construção do Anel Viário, a gente achou que era uma boa hora para vender, mas agora ficou tudo complicado”, diz. Ele afirmou ainda que a área foi adquirida por seu pai no final da década de 1980.
Funai - A coordenação regional da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Dourados tem acompanhado a questão e, segundo o assessor técnico do órgão, Diógenes Cariaga, a prioridade é atender as necessidades básicas das famílias que estão no local, como cuidados com saúde e alimentação.
As informações são de que, desde o dia 29 de maio, quando começaram a ser montados barracos de lona, aproximadamente 30 pessoas estejam ocupando a área. No entanto, a expectativa dos indígenas seria de reunir no local cerca de 120 famílias e o grupo estaria pleiteando uma área total de 6 mil hectares.
Cariaga disse que a Funai ainda não tem um levantamento a respeito da quantidade de pessoas. O assessor técnico afirmou também que a Funai está preparando um diagnóstico e acompanha a situação “observando ambos os lados”.
Em Douradina, outro grupo ocupa área rural e pede agilidade na demarcação das terras.
Douradina - Em Douradina, outro grupo guarani-kaiowá está ocupando, desde o dia 25 de maio, uma área ao lado da aldeia Panambi (Lagoa Rica). Em 2005 os índios já haviam montado acampamento no local, mas um acordo entre as partes teria encerrado a questão.
Segundo inforamações do site Douradosagora, no acampamento denominado pelos índios como Gwyra Kambi Ỹ estão vivendo 56 famílias, num total de 180 pessoas.A ocupação da área seria um protesto contra a morosidade no processo de demarcação da propriedade, que eles afirmam ser indígena.
De acordo com o assessor técnico da Funai, esse movimento de retomada das áreas tradicionais tem sido constante nos últimos 20 anos. Segundo Diógenes Cariaga, a Funai também “acompanha e observa” a situação em Douradina.
Em Douradina a situação também é tensa. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Dourados, Marisvaldo Zeuli, os proprietários já entraram na Justiça para desocupar a área onde, segundo ele, estaria havendo prejuízo a pequenos produtores.
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