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03/08/2012 11:13
MPF soube da situação e denunciou os envolvidos à Justiça, que acatou o pedido
Nadyenka Castro
MPF soube da situação e denunciou os envolvidos à Justiça, que acatou o pedido
Nadyenka Castro
Local onde Marcos Veron foi sepultado.
Em troca de ‘ajuda’ de fazendeiro, três índios mudaram depoimento sobre o ataque a indígenas ocorrido em Juti, em 2003, que terminou com a morte do líder indígena Marcos Veron.
De acordo com o MPF (Ministério Público Federal), esses índios foram procurados pelo produtor rural e um funcionário em 2005 e mudaram as informações dadas à Polícia Federal logo após o atentado.
As novas declarações em quase tudo diferem dos termos prestados no dia seguinte ao ataque.
Um quarto indígena que também foi procurado não aceitou a oferta e contou ao MPF sobre a situação. O MPF apurou as informações e denunciou o caso à Justiça Federal, que acatou.
Segundo o MPF, o índio que não aceitou a oferta contou ao órgão federal que foi procurado três vezes pelo produtor rural, sendo duas pessoalmente e uma por telefone.
Em todas as vezes, o fazendeiro dizia que “sabia das dificuldades que passava”, que acreditava que ele era “um menino esperto e sabido” e queria auxílio para tirar “os três coitados” que estavam presos e que, pela ajuda, receberia um “retorno”.
Aos índios que aceitaram a ‘ajuda’, o fazendeiro deu camionete, cestas básicas, motocicleta, casa e dinheiro. Um funcionário dele foi quem ajudou no contato com os indígenas.
Punição - Entre os três que fizeram acordo com o produtor rural, um é adolescente. Os outros dois foram denunciados e vão responder criminalmente por fazer afirmação falsa em inquérito judicial, punível de um a quatro anos de prisão e multa.
Punição - Entre os três que fizeram acordo com o produtor rural, um é adolescente. Os outros dois foram denunciados e vão responder criminalmente por fazer afirmação falsa em inquérito judicial, punível de um a quatro anos de prisão e multa.
Além da condenação dos réus, o MPF solicitou a realização de laudo antropológico – para avaliar o grau de entendimento dos indígenas sobre o ato criminoso - e a autorização para que os índios possam se comunicar em guarani. Os pedidos serão analisados depois da apresentação da defesa dos réus.
O fazendeiro e seu funcionário devem responder pela tentativa, em quatro ocasiões, de oferecer vantagem a testemunha para fazer afirmação falsa em depoimento policial. A pena é agravada por se tratar de prova em processo penal e varia de três a 21 anos de prisão, além de multa.
Ataque - Acampados na Fazenda Brasília do Sul, em Juti, região sul do estado, na área reivindicada por eles como Tekohá Takuara, os kaiowá sofreram ataques nos dias 12 e 13 de janeiro de 2003 por um grupo de 30 a 40 homens armados que foram contratados para agredi-los e expulsá-los das terras.
Ataque - Acampados na Fazenda Brasília do Sul, em Juti, região sul do estado, na área reivindicada por eles como Tekohá Takuara, os kaiowá sofreram ataques nos dias 12 e 13 de janeiro de 2003 por um grupo de 30 a 40 homens armados que foram contratados para agredi-los e expulsá-los das terras.
No dia 12, um veículo dos indígenas com duas mulheres, um rapaz de 14 anos e três crianças de seis, sete e 11 anos foi perseguido por oito quilômetros, sob tiros.
Na madrugada do dia 13, os agressores atacaram o acampamento a bala. Sete índios foram sequestrados, amarrados na carroceria de uma camionete e levados para local distante da fazenda, onde passaram por sessão de tortura.
Um dos filhos de Marcos Veron, Ládio, quase foi queimado vivo. A filha dele, Geisabel, grávida de sete meses, foi arrastada pelos cabelos e espancada.
Marcos Veron, à época com 73 anos, foi agredido com socos, pontapés e coronhadas de espingarda na cabeça.
Ele morreu por traumatismo craniano.
Oito anos após o atentado, três acusados foram a júri popular e acabaram condenados. O julgamento aconteceu em São Paulo.
Carlos Roberto dos Santos, Jorge Cristaldo Insabralde e Estevão Romero foram condenados a 12 anos e 3 meses de prisão.
Todos eles já haviam cumprido 4 anos e 8 meses de prisão preventiva e, como a sentença ainda não transitou em julgado, eles saíram em liberdade do tribunal.
Os três eram funcionários da fazenda Brasília do Sul e foram condenados por seis sequestros, formação de quadrilha armada e tortura.
Depois desse julgamento, o MPF passou a trabalhar pela punição dos mandantes do crime, entre eles, o dono da propriedade Jacinto Honório da Silva Filho.
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