quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Após deixarem margem de BR, índios podem ser despejados de reserva em Rio Brilhante

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22 de setembro de 2011

Despejo venceu ontem, mas por falta de local eles continuam na reserva 


Juliene Katayama, MS Record 

O prazo de 45 dias definido pela justiça para que a comunidade Laranjeira Nhanderu abandonasse a reserva florestal da fazenda Santo Antônio da Boa Esperança venceu ontem (21). Os indígenas ocuparam o território na região de Rio Brilhante, a 170 quilômetros de Campo Grande, há quatro meses. 

Em entrevista ao MS Record.com.br, o coordenador regional do Conselho Indígena Missionário (Cimi), Flávio Vicente Machado, afirmou que os indígenas da etnia kaiowa-guarani podem se despejados a qualquer momento. 

A Fundação Nacional do Indígena (Funai) já está notificada da situação, segundo Flávio, mas não executou a ordem de despejo por não ter um local para levar os índios. As duas reservas indígenas que tem – Dourados e Amambai – já estão lotadas e ainda tem a questão social dos núcleos familiares. “Mesmo que eles sejam levados para reservas indígenas, eles não permanecem e retornam para beira da rodovia. 

Esta é a região [em Rio Brilhante] deles”, disse Flávio. O coordenador também disse os indígenas acreditam que poderão permanecer na área. “Eles tem esperança que saia algum recurso jurídico para que eles fiquem ali”, afirmou. 

Atualmente a comunidade Laranjeira Nhanderu abriga 120 indígenas, sendo metade crianças e adolescentes. A preocupação é maior pelo grande número de crianças. “O ambiente em que eles estão é saudável e a organização deles é adequada para convivência. 

O local de higiene pessoal é separado da área onde captam água potável”, explicou o coordenador. Com vencimento do prazo, o Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT) de Mato Grosso do Sul, destruiu na última terça-feira (20) barracos improvisados e tampou 12 poços de água que a comunidade indígena tinha construído nas margens da BR-163. 

Segundo informou ao MS Record.com.br, o superintendente regional do DNIT, Marcelo Miranda, o órgão apenas retirou o resto dos barracos que os indígenas haviam deixado no local. “Eles deveriam ter tirado dali os restos dos barracos quando decidiram sair dali por conta própria”, afirmou Marcelo. 

Demarcação Ainda de acordo com o coordenador do Cimi, o processo de demarcação das terras indígenas já é lenta e a região que a etnia kaiowa-guarani defende é a que está mais atrasada em relação aos estudos de demarcação. 

“O grupo que realiza os estudos de demarcação na região de Rio Brilhante é o que está mais atrasado”, explicou Flávio.

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