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28/02/2012 13:00
Valéria Araújo
Estudantes disseram que tinham autorização para gravar em MS.
Foto: Fábio Dorta
Valéria Araújo
Estudantes disseram que tinham autorização para gravar em MS.
Foto: Fábio Dorta
Estudantes de Jornalismo e um professor de uma universidade pública do Canadá, foram detidos pela Polícia Federal em Dourados na última sexta-feira por volta 15h. leia
O grupo formado pelo professor Peter Klein, e os estudantes Alekxandra Soga de 25 anos, Sam Eifling de 31anos e Caljr Shan de 31 anos, permaneceu por mais de cinco horas prestando depoimentos sobre gravações realizadas em Mato Grosso do Sul sobre a comunidade indígena.
Com o visto de turista nas mãos, os estudantes canadenses afirmaram que estavam de forma legal no Brasil e que o documentário que faz parte de um trabalho acadêmico tinha sido previamente acertado com a Funai e com as lideranças que compõem o Movimento de Povos Indígenas do Brasil.
Também houve a informação, não confirmada pela Polícia Federal, de que a denúncia era a que o grupo não tinha autorização para atuar por meio de trabalho no Brasil e que supostamente o vídeo seria comercializado no exterior.
Em depoimento o grupo comprovou se tratar de um trabalho acadêmico.
De acordo com a tradutora dos estudantes canadenses, Érica Tarnowsai, a impressão que tiveram é a de que houve uma denúncia anônima, mas que a Polícia Federal comprovou que não haviam irregularidades e que tudo não passou de um engano.
A tradutora informou ao jornal O Progresso e ao site Dourados agora que os estudantes, assim que deixaram a Polícia Federal voltaram ao seu país de origem.
A comitiva, que tinha ainda a tradutora um motorista, estava sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Dourados para gravar alguns depoimentos, quando foram surpreendidos por policiais federais que apreenderam os equipamentos de filmagem e conduziram o grupo até a delegacia.
Ela disse a detenção foi por volta das 15h e que só foram liberados 5 horas depois. Para a tradutora, pesar de assustados com a detenção pela Polícia Federal, o grupo comprovou as autorizações e as regularidades no visto. O tema do documentário são os conflitos de terras envolvendo índios e fazendeiros em Mato Grosso do Sul.
Destaque para a ocorrência registrada em novembro do ano passado no acampamento Guaiviry no município de Aral Moreira bem na divisa com o Paraguai quando pelos menos 200 índios teriam sido vítimas de um ataque. Depois disso, o líder da tribo, Nísio Gomes desapareceu.
A repórter Lia Nogueira, da TV Record acompanhou o caso. Segundo ela, a imprensa foi barrada pela Polícia Federal no momento da detenção. Mesmo assim, segundo ela, os veículos conseguiram conversar com os estudantes após a liberação. Um deles relatou a jornalista que por várias vezes o grupo entrou em contato com a Funai.
Segundo ele, a coordenação regional do órgão, deu garantia de que eles poderiam realizar os trabalhos em Mato Grosso do Sul e que as filmagens estavam liberadas.
A jornalista disse que o caso foi comunicado ao Ministério Público Federal (MPF).
No entendimento dos procuradores, segundo Lia, os índios têm autonomia para autorizar filmagens, gravações que sejam feitas em áreas indígenas, isso sem autorização prévia da Funai. Segundo ela, o grupo já havia passado por aldeias de Aral Moreira e Rio Brilhante e estavam em Dourados apenas para coletar depoimentos da coordenação regional da Funai.
POLÍCIA FEDERAL
A Assessoria de Comunicação da Polícia Federal informou ao O PROGRESSO que houve a denúncia de que o grupo estava de forma ilegal no Brasil e que não tinham autorização para entrar na Reserva. Agentes da PF foram até a Funai, onde o grupo estava e pediram para que eles se dirigissem até a delegacia.
Segundo a PF tudo ocorreu de forma expontânea, sendo que o grupo foi até a PF em carro particular para prestar esclarecimentos sobre a denúncia. A PF disse ainda que o material foi apreendido para verificar se existiam imagens dentro da reserva indígena, o que caracterizaria ilegalidade, mas em nenhuma das imagens ficou provado a suposta invasão nas aldeias.
A assessoria contesta que as declarações duraram 5 horas afirmando que o tempo foi bem menor e que todos os procedimentos foram adotados de modo a garantir a segurança dos povos indígenas do Brasil.
O jornal e o site tentaram contato com a coordenação da Funai de mas sem sucesso, uma vez que ninguém atendeu aos telefones celulares.
"GRUPO FAZIA ESTUDO SOBRE CONFLITO INDÍGENA E MORTE DE CACIQUE "
DESAPARECIMENTO
Para os órgãos de proteção ao índio e para a própria polícia, o desaparecimento do cacique guarani ainda é um mistério. Os autores do ataque seria um grupo com cerca de 40 pistoleiros - munidos com armas de groso calibre.
Há suspeita de que o ataque seria comandado por fazendeiros, o que não ficou provado. Quatro fazendeiros, um advogado, dois administradores de empresa de segurança e mais três seguranças, totalizando 10 pessoas, foram indiciados pela Polícia Federal por envolvimento no ataque ao acampamento indígena.
A Polícia Federal diz, porém, que não há indícios da execução de Nisio e afirma, ainda, que os índios mentiram sobre o que aconteceu. O próprio filho de Nisio, principal testemunha do atentado, foi indiciado por denunciação caluniosa.
Para a polícia, o indígena pode estar vivo.
O laudo pericial concluiu que “ficou impossibilitado de inferir sobre suposto homicídio do indígena Nizio Gomes, visto que a quantidade de sangue que apresentava possível compatibilidade com seu perfil e os demais indícios encontrados no local, não foram suficientes para que se confirmasse tal suspeita”. Isso quer dizer que, conforme a perícia, o ferimento de Nízio Gomes, possivelmente feito com balas de borracha, não foi suficiente para causar sua morte.
Foram recolhidas em vários locais do acampamento mostras de sangue para exames de perfil genético e, conforme a nota divulgada, somente em um destes locais foi possível a compatibilidade com o perfil genético do índio Nizio Gomes, porém este lugar é o que havia menos sangue.
O sangue em maior quantidade encontrado no local ainda está em fase de análise de compatibilidade. Segundo a PF também havia sangue dos agressores, já que um deles foi ferido no local dos fatos por Nizio Gomes, que utilizou um machado com veneno de sapo, segundo os indígenas.
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