quarta-feira, 20 de julho de 2011

Indígenas de MS vão fazer ritual de cura antes de criança ser operada



Menina de oito anos de idade tem câncer em estágio avançado na perna. Médico que cuida do caso diz que é necessário amputação e quimioterapia.



A família de uma menina indígena de 8 anos de idade, que tem câncer na perna, e que em razão do avançado estágio da doença precisaria amputar o membro para que o tratamento dê resultado, quer submeter a criança, antes da operação, a um ritual de cura feito pelo rezador de sua aldeia. A informação é do chefe do Distrito de Saúde Especial Indígena de Mato Grosso do Sul (Dsei/MS), Nelson Carmelo.

Segundo Carmelo, a família mora na aldeia Porto Lindo, em Japorã, cidade a 477 quilômetros de Campo Grande. Ele explica que a criança está internada no Hospital Regional da capital desde o dia 25 de junho, fazendo tratamento contra a doença e que, de acordo com os médicos, para que a terapia seja eficaz, a criança teria que amputar a perna atingida pelo câncer.

O chefe do Dsei diz que após ser comunicada sobre a situação, a mãe da menina chegou a aceitar a cirurgia e depois viajou para Japorã. Quando a mulher voltou, tinha mudado de opinião sobre a operação e passou a exigir que antes do procedimento que fosse realizado um ritual típico de sua crença, feito pelo rezador da aldeia.

O médico responsável pelo atendimento a criança, Marcelo Souza, disse que ela está fazendo quimioterapia, mas que somente este tratamento não é suficiente para curá-la da doença.

“A doença está bem avançada. O tumor destruiu quase dois terços do fêmur, ela não anda mais”, afirmou ele. “Sem a cirurgia, não existe chance de cura. Apenas com a quimioterapia não há melhora, e apenas com a cirurgia, também não há cura. Tem que ser o tratamento completo”, explica.

Mobilização

Para atender o pedido da família, a Dsei/MS disponibilizou um carro para trazer de Japorã para Campo Grande o rezador da aldeia. Ele deve chegar nesta quarta-feira (20) a cidade para realizar o ritual.

A expectativa do coordenador da Dsei, é que após o ritual a família autorize a cirurgia. “Sempre tivemos um bom diálogo com eles. Se for conversado, e eles entenderem a gravidade e a necessidade dessa cirurgia, eles devem aceitar”, revelou.

O médico que cuida da menina disse que ela aguenta esperar, mas reiterou que sem a cirurgia não existe cura para a doença. “Respeito a religião, mas dentro da parte médica é isso que tem que ser feito”, concluiu.

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