domingo, 13 de novembro de 2011

Índio aprende a tocar baixo sozinho e vira músico sertanejo em MS

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13/11/2011

João largou emprego e curso de Administração para se dedicar a música. Ele continua morando na aldeia, mas viaja por todo o país com o Zíngaro.

 Do G1 MS 


João espera alcançar o sucesso mas não quer deixar a aldeia indígena onde vive (Foto: Aliny Mary Dias/G1MS)




 João espera alcançar o sucesso, mas não quer deixar a aldeia onde vive (Foto: Aliny Mary Dias/G1MS)


Há 27 anos vivendo na aldeia indígena Tereré em Sidrolândia, distante 70 quilômetros de Campo Grande, João Batista Neto, um músico autodidata de 27 anos, é o baixista de uma banda em Mato Grosso do Sul que faz shows por todo o país. 

Ele passa a semana viajando para participar dos espetáculos e afirma que o maior sonho é fazer sucesso e continuar vivendo no lugar onde nasceu. “As tradições indígenas da minha aldeia e do meu povo são as coisas que eu mais valorizo, elas vêm em primeiro lugar. 

Eu sempre sonhei em ser músico e viver da música”. João é conhecido entre os familiares e amigos como “Curto”, apelido dado pelo avô João Batista, o fundador da aldeia Tereré. Desde os 15 anos, sem professor, o jovem aprendeu a tocar violão e começou a fazer shows em bailes na cidade. 

“Eu sempre assistia vídeo aulas em dvds e assim comecei a aprender, meu pai sempre gostou de música e foi um dos grandes incentivadores da minha paixão”. Com 16 anos e tocando aos finais de semana em eventos na cidade, João foi incentivado por um produtor musical a tocar o contrabaixo. Mais uma vez o indígena aprendeu as técnicas do novo instrumento sozinho e começou a se apresentar em cidades próximas à Sidrolândia. 

João passava a semana seguindo a mesma rotina dos demais jovens da aldeia: trabalhava durante o dia e estudava durante a noite. Aos finais de semana tocava em festas, almoços e bailes. saiba mais Jovens de MS deixam 'terra do sertanejo' para ir ao Rock in Rio 'Sanfoneirinho' segue os passos do primo Michel Teló em busca da fama Dedicação total Dois anos seguindo essa rotina, o músico decidiu seguir apenas o que ele chama de "dom dado por Deus". 

“Eu falei para os meus pais que queria sair da faculdade e parar de trabalhar para me dedicar totalmente à música. Eles e meus sete irmãos me incentivaram na hora, diziam que se aquilo era meu sonho eu teria que ir atrás”. Atualmente João toca em uma banda dom 15 anos de tradição em Mato Grosso do Sul e faz de três a quatro apresentações por semana. 

 “Está sendo um sonho realizado, antes eu assistia as apresentações do grupo pela televisão e agora estou no palco junto com eles. Hoje eu dou graças a Deus por poder tirar meu sustento da música”, afirma o indígena. Aldeia Além dos sete irmãos, os pais e os outros 800 habitantes da aldeia, João conta com o incentivo do avô paterno de 115 anos. 

O homem mora em outra aldeia próxima à Sidrolândia. Sempre que é possível, o músico vai ao local. “Eu não consigo ver ele direto, mas sempre quando posso dou uma escapadinha e vou visitá-lo. Ele tem muito orgulho de mim e fico muito feliz por isso”. 

As tradições indígenas da etnia Terena, são seguidas à risca todos os anos por João. Nas festas de comemoração pelo dia do índio, 19 de abril, o jovem faz questão de estar junto do seu povo. As vestes típicas, as pinturas pelo corpo, e as danças comemorativas são algumas das atividades na aldeia. Sobre o futuro, o indígena espera trabalhar bastante mas sempre com a ideia de não deixar a aldeia de lado. 

“Quero trabalhar, trabalhar e trabalhar, espero que o sucesso venha naturalmente. Mesmo com a correria, minha vontade é construir minha casa e criar meus filhos na aldeia, amo aquele lugar”.

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