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15/11/2011
Carlos Ferraz
Carlos Ferraz
Depois de reunir mais de 300 pessoas, o I Encontro dos Acampamentos Indígenas de Mato Grosso do Sul, ocorrido de 12 à 14 de novembro, encaminha ao governo do Estado um documento no qual denuncia a presença de pistoleiros que ameaçam as famílias do acampamento Guaivyri, em Amambai.
As lideranças responsabilizam o governo por qualquer violência, pois acreditam que não houve ainda nenhuma amostra de haverá demarcação.
Os indígenas consideram que o governo está sendo omisso, lembrando os casos dos assassinatos dos dois professores Kaiowá, do acampamento Y Po’i, em Paranhos, que até hoje não foram solucionados.
As lideranças sustentam que a demarcação é um direito e, além de não cumprir a Constituição, o governo tem colocado obstáculos no processo de regularização fundiária, o que vem aumentando cada vez mais a violência nos acampamentos.
Segundo as lideranças, há investidas dos três poderes contra os direitos indígenas, pois só pode ser aberto grupo de trabalho para demarcação após permissão da presidência, enquanto o judiciário vem demonstrando agilidade em prender índios e não puniu qualquer assassino dos indígenas.
Durante o encontro, representantes de vários acampamentos relataram casos de tortura e coação. É caso do Kaiowá, Enio Martins, de 19 anos, que foi agredido em um desses confrontos na retomada da terra Santiago Kue, em Naviraí. O jovem disse que já fizeram denuncias ao Ministério Público Federal (MPF), mas nada aconteceu.
“Nós já fomos expulsos duas vezes da nossa terra e agora entramos de novo. Os pistoleiros bateram muito no meu primo e me furaram a perna. Hoje, a minha mãe já me ligou dizendo que eles estão de novo lá e nós viemos aqui para buscar uma resposta, porque estamos com medo”, contou.
Ontem, com o encerramento do encontro, Enio não levou resposta alguma à sua comunidade, como esperava, pois não compareceram representantes do MPF e nem da Fundação Nacional do Índio (Funai), que foram previamente convidados.
Neste primeiro encontro, realizado pelo Conselho da Aty Guasu, que reuniu lideranças Kaiowá, Guarani e Terena, os 34 acampamentos do estado declararam que estão dispostos a se unir cada vez mais na luta contra a violência e pela vida, que para eles não é possível sem a terra tradicional.
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