sábado, 19 de novembro de 2011

Testemunha envolve 'carro de chapa branca e fardados' em morte de líder indígena no MS

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18/11/2011

Pio Redondo

 A reportagem do Midiamax entrevistou o filho de Nisio Gomes, líder indígena executado por um bando fortemente armado na manhã de ontem, 18/11, no acampamento Guarani-Kaiowá, que fica entre fazendas da região de Ponta-Porã e Amambai. 

 Valmir Gomes forneceu as mesmas declarações que à Polícia Federal de Ponta Porã, que são reproduzidas aqui. Ele afirma que alguns dos pistoleiros encapuzados que dispararam contra cerca de 520 índios tinham roupas com detalhes que lembravam militares. E uma das caminhonetes possuia chapa branca. 

 Além disso, o líder conta que três crianças foram sequestradas pelos bandoleiros, também paraguaios. O assassinato do líder, que teve o corpo carregado pelo bando, que forma uma força paramilitar na região, teve repercussão nacional e internacional. Confira e ouça a gravação: Reportagem - Como começou o tiroteio? Valmir -Nas 6.25 horas eu olhei do outro lado, eu vi umas sete pessoas. 

E no meio, o paraguaio chamado Paulo Recarte(?), ele é um camisa amarela, mesmo. Ai falou assim: “Depois quando chegaram ai no acampamento, “tiro, tiro, tiro” – falando assim. Aí que o pai já falou “tiro, tiro, tiro mesmo”... aí ficou doido meu pai, depois eu também, depois caiu o meu pai, mesmo. R - Você viu o seu pai morto? 



 MPF/MS De cima pra baixo: Agentes PF vasculham local; Indígena ferido; Manchas de sangue do líder; Nizio

 V - Mas viu, viu na minha cara mesmo, pegou talho na cabeça, outro na face e outro na perna – calibre 12. R - Quem foi que atirou no seu pai? V - O pistoleiro, mesmo. 

Tudo pistoleiro do fazendeiro, aí. R - Eles são ligados a que fazendas? V - Tem fazenda Chimarrão, Querência,tem Ouro Verde, também. R - Depois que atiraram no seu pai, o que fizeram? V - Depois que atiraram no meio pai aí, carregaram no Toyota Hilux, cor prata. Depois de colocar, falaram assim: “eu não falei pra matar”, falou assim aquele paraguai, na língua deles, falando em guarani, na língua deles, falando. 

Aí que o papai já estava na caminhonete, depois “queimaram o foguete”. Depois, seguimos atrás das caminhonete. Na última caminhonete, uma caminhonete Ranger, cor verde ou azul escuro,tinha um símbolo de “gavião” mesmo, um símbolo de gavião mesmo. Aquele homem igual que o oficial, oficial de quartel, mesmo.

 Ai outro vestiu de camisa de soldado, soldado mesmo, tem símbolo na (....) o chapeuzinho tem símbolo, mesmo, tudo lá. Escondeu as placas com papelão, só que uma caminhonete Ford Ranger é chapa branca, chapa branca. R - E você já falou isso para a Polícia Federal? (de Ponta Porã) V- Já, já falei a ocorrência com meu pai, na Polícia Federal. R - Você acha que além do seu pai, tem mais vítimas? V - Temos, temos, temos. 

Levaram uma menina de 12 anos, um rapaz de 12 anos, e uma criança de 5 aninhos. R - Levaram como? V -Levaram junto com o corpo do meu pai. R - Na caminhonete? V - Na caminhonete Hilux, cor cinza. R - E essas pessoas estavam feridas? V - Não, não estavam feridas, eles estavam chorando rodeando junto com o corpo do meu pai e aí pegaram. R - Não apareceu até agora? V - Até agora não apareceu mesmo, e o corpo do meu pai, eu queria ver o corpo do meu pai. R - E eles atiraram no seu pai ou atiraram em todo mundo(cerca de 520 pessoas)? V - Atiraram em todo mundo, só que não acertaram tava tudo no meio do mato, mesmo.

 R - O que você vão fazer agora? V - Agora eu vou juntar mais gente, a não vai sair mais. R - E se esse povo vier de novo? V - Se esse povo vem, ah.. agora que nós vamos fazer (.?..) tá ferrado, mesmo.

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