segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Abandono e descaso marcam tekohas kaiowá

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04/12/2011  00:30









A diligência da Câmara dos Deputados, que levou membros da Comissão de Direitos Humanos e Minorias e da Frente Parlamentar de Apoio aos Povos Indígenas a Dourados, foi marcada com um triste balanço da situação enfrentada pelos indígenas do Mato Grosso do Sul. 

Os deputados percorreram três acampamentos e visitaram uma família que mora às margens de uma rodovia, nos dois dias que estiveram no estado. Acompanhados por três lideranças Kaoiwá, membros da Fundação Nacional do Índio (Funai), Ministério Público Federal de Dourados e Polícia Federal, Setorial indigena PT/MS, os deputados colheram depoimentos sobre as ameaças sofridas, a falta de acesso a políticas públicas básicas, o forte preconceito e as constantes mortes nos acampamentos. 

Para a deputada federal Erika Kokay "é um absurdo que 511 anos após a chegada dos portugueses ao Brasil ainda tenhamos indígenas vivendo a mesma situação de seus antepassados". O primeiro acampamento visitado pelos deputados, Laranjeiras Nhanderú, estava com a passagem impedida por dois troncos de árvores enterrados na entrada da fazenda. 

Para possibilitar o acesso dos deputados, os indígenas retiraram os troncos, mas, mesmo assim, a CDHM foi impedida de entrar pelo dono da fazenda, Raul Lopes, que bloqueou o acesso com seu carro. O impasse foi resolvido após conversa dos deputados juntamente ao delegado da Polícia Federal Alcídio de Souza e o proprietário, que insistia na afirmação de que sofria ameaças pelos índios. 

Os indígenas alegam que, por causa da recusa do proprietário da fazenda em deixar a entrada ser utilizada, as crianças andam cerca de 5 km até à beira da rodovia para poderem pegar o ônibus que as levam para a escola. Em outro assentamento, Kurussu Ambá, no município de Coronel Sapucaia, os kaiowá reclamam que os pistoleiros da região estão sempre cercando e ameaçando a população. 

Nas duas primeiras vezes que retomaram o seu território, três pessoas foram assassinadas e uma criança de 5 anos foi sequestrada. Atualmente, eles estão na terceira tentativa de retomada e tem muito medo de que outra liderança seja morta. Os indígenas relataram que os pistoleiros cercam o acampamento à noite, atirando para assustá-los, além de impedir que o rio seja utilizado. 

Segundo Eliseu Lopes, quando as crianças chegam à beira do rio, homens atiram próximo a elas para impedir o banho. Já no assentamento às margens da rodovia, uma única família vive na área que, segundo o índio João, foi designado pelo capitão da aldeia por não haver mais locais disponíveis. 

No acampamento Guaiviry, cidade de Amambai, local onde ocorreu o suposto assassinato do cacique Nísio Gomes, no dia 18 de novembro, o sentimento é de revolta. Dois dias antes de seu desaparecimento, Nísio avisou a funcionários da Funai de que havia sido ameaçado de morte e, mesmo assim, não recebeu qualquer tipo de proteção. 

A Polícia Federal afirma que há fortes indícios do assassinato do cacique, em função da grande quantidade de sangue encontrada e do relato de testemunhas. Três pessoas estão presas, cautelarmente, suspeitas de terem assassinado e desaparecido com o corpo de Nísio.

Maíra Lima Assessoria de Imprensa

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