IMPRIMIR ESTA PAGINA
28/12/2011 16:24
Medidas judiciais poderão barrar ato administrativo que reconhece 12.196 hectares como terra indígena
Marli Lange Do Progresso DOURADOS
Pequenos produtores rurais podem perder as terras para os índios, conforme prevê Portaria da Funai (Foto : Hédio Fazan/OPROGRESSO)
Medidas judiciais poderão barrar ato administrativo que reconhece 12.196 hectares como terra indígena
Marli Lange Do Progresso DOURADOS
Famílias de produtores rurais de Itaporã e Douradina atingidas pela Portaria 524 da Fundação Nacional do Índio (Funai) vão entrar com medidas judiciais que visam anular o ato administrativo que reconhece uma área de 12.196 hectares como terra indígena.
O relatório da Funai foi publicado no Diário Oficial da União, no dia 12 deste mês.
O advogado Cícero Costa, que trabalha na defesa das famílias de Douradina, explicou que vai entrar com três medidas judiciais, que podem resultar na anulação da Portaria da Funai.
A ação administrativa tem um prazo de 90 dias para os produtores se defenderem. O advogado acredita que as chances que os produtores não venham perder as terras por “ato administrativo é de 100%”. Ele diz que está aguardando acabar o recesso forense para dar entrada nos processos.
Pequenos produtores rurais podem perder as terras para os índios, conforme prevê Portaria da Funai (Foto : Hédio Fazan/OPROGRESSO)
O presidente do Sindicato Rural de Itaporã, Milton Bigatão informou que desde a publicação da portaria da Funai, as famílias de produtores rurais estão inquietas e preocupadas. Ele disse que algumas delas vivem na área desde a década de 50, quando receberam titulo das propriedades do governo federal.
Cerca de 90% dos 12.196 hectares que a Funai diz ser tradicionalmente indígena são formadas por propriedades entre 5 a 12 alqueires, como chácaras, onde as famílias plantam pequenas lavouras de soja, milho e mantém criação de animais. “Muitas dessas pessoas são idosos, humildes, que não saberão o que fazer se caso venham perder as terras onde vivem há décadas”, disse Bigatão.
Logo que souberam da notícia sobre a publicação da Portaria, os produtores se reuniram na Câmara Municipal de Itaporã, no dia 13, onde compaceram técnicos da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul). O objetivo foi discutir e entender a Portaria 524 publicada pela Funai.
A Portaria, que pegou a classe produtora de surpresa, reconhece como terra indígena toda a área Panambi-Lagoa Rica. Toda a extensão de 63 quilômetros, atinge parte de 72 propriedades e 832 pessoas.
De acordo com a Portaria, as terras identificadas como indígena em Itaporã e Douradina prevê abrigar indígenas da etnia guarani-kaiowá, considerado o maior grupo nativo do Estado, com mais de 46 mil pessoas.
Atualmente, vivem na região 832 índios, numa área de 366 hectares.
Segundo relatório da Funai, o grupo indígena foi expulso do local no final do século XVIII para dar espaço ao cultivo da erva-mate. Na época, as terras tradicionalmente indígenas foram consideradas por muitos como devolutas e títulos oficiais foram emitidos pela União e entregues a produtores rurais.
“Foi um erro cometido no passado e agora pessoas inocentes têm que pagar por isso”, destacou o presidente do Sindicato Rural.
Nenhum comentário:
Postar um comentário